terça-feira, 14 de outubro de 2008

O BANQUETE – 1988

1. Foi desde sempre, do início,
esse registro de ventos,
cruéis e frios, que vedam
todo alvoroço e alegria,
se algo novo se concerta.
Não foi minha ama uma fera,
pois sei que de humano tinha
uma beleza concreta:
uns olhos que de tão verdes
luziam na luz aberta
que entrava pelas janelas.
portas, varandas, jardins,
da minha casa deserta.

2. De minha infância deserta,
onde não cabia o sonho
e a hera crescia muda;
onde não havia trégua
entre o meu medo e o desânimo,
(Nenhuma pergunta ousada!)
No entanto, que infiltação
de suspeitas infundadas
criando mel com as abelhas
de que mal se imaginava.
Pois desde cedo assentado
ficara que, filho e gado,
pastariam onde apenas
lhe fosse imposto ou deixado.

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